15/09/2009

Attention Deficit Disorder (ADD)


Uma tradução que atende bem ao "Attention Deficit Disorder" (ADD), é "Distúrbios do Déficit de Atenção" (DDA). Mas, para nossa comodidade vamos usar a sigla ADD, sempre que estivermos nos referindo ao fenômeno.

O estudo do comportamento humano não é novo. Na Antiga Grécia, o médico Hipócrates estudou o perfil psicológico humano classificando-o em: Colérico, Fleumático, Sangüíneo e Melancólico, atribuindo características próprias de comportamento para cada um destes elementos. Em 1902 o Dr. Carl Jung foi um dos primeiros a estudar cientificamente os tipos de personalidade. Hoje são vários os modelos utilizados na intenção de explicar o nosso comportamento.

Os primeiros relatos sobre o ADD vêm de 1902, com um médico Britânico chamado George Fredric Still, que trabalhava no Royal College of Physicians. Naturalmente, outros prosseguiram com esse trabalho. Nos anos 70 destacou-se o trabalho de Virgínia Douglas, no Canadá, e nesta década são destacados os trabalhos de Russel Barkely. Portanto, não é um assunto novo, não é modismo, nem coisa de americano, mas é a realidade à qual devemos nos manter atualizados.

O ADD é bem visível na criança que possui o problema, daí alguns acharem que é coisa da infância, mas recentes pesquisas mostraram que 50 a 75% dos casos continuam na fase adulta.

Na criança o ADD se revela quanto a ATENÇÃO: dificuldade em se concentrar; é desatenta; esquece o que estava fazendo; deixa de fazer os deveres; os professores estão sempre lhes chamando a atenção; é muito desligado.

Age IMPULSIVAMENTE, não consegue esperar por sua vez de falar; interrompe quem está falando; responde antes de ouvir a pergunta toda; explode com facilidade; é sempre motivo de gozação da turma, mas por outro lado gosta mesmo de aparecer; adora viver perigosamente e portanto está sujeito a acidentes.

O ADD com HIPERATIVIDADE é bem visível, na medida em que a criança está sempre agitada. Não consegue ficar sentada, gosta de subir, movimenta pés e as mãos, age como se tivesse um motorzinho interno que nunca se desliga, nem quando está dormindo pois tem um sono agitado.

O ADD não acontece somente com o indivíduo hiperativo pode acontecer sem a hiperatividade, e neste caso, ele se comporta como se estivesse no mundo da lua.

A infância nos interessa, porque somos pais e vamos ter condições de entender melhor nossos filhos e ajudá-los, lembrando que eles terão que enfrentar a concorrência no futuro com outros que não são portadores do ADD.

É grande em nosso país o desconhecimento quanto ao ADD na fase adulta e mesmo no meio médico, o assunto é pouco conhecido.

Até recentemente acreditava-se que os sintomas do ADD desapareciam na adolescência. Atualmente sabe-se que os sintomas permanecem na idade adulta em cerca de 70% dos casos.

O adulto com ADD apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, além de problemas emocionais.

Estes são os principais sintomas que apresentam os portadores de ADD na fase adulta:

  1. Desorganizado: sem a estrutura da escola, sem o apoio dos pais, tudo fica difícil, esquece compromissos, perde coisas e está sempre chegando atrasado.
  2. Procrastinação crônica: Dificuldade em dar inicio ao que quer que seja, deixando as tarefas sempre para depois e com isto aumentando sua ansiedade.
  3. Muitos projetos ao mesmo tempo: começa um, abandona, inicia o segundo, não termina, o terceiro, e assim por diante. O tempo passa e ele se frustra pois não conseguiu terminar nem um deles.
  4. Tendência de dizer o que vem a mente sem se preocupar se é tempo ou local adequado.
  5. Freqüentemente à procura de novos estímulos, baixa tolerância à monotonia.
  6. Se distrai com facilidade, dificuldade de concentração, se perde no meio de uma leitura, esquece o que estava falando.
  7. Impaciência, baixa tolerância à frustrações, como quem diz: outra vez....
  8. Impulsivo, tanto no verbal como na ação, explodindo com facilidade. É um gastador impulsivo e o dinheiro nunca é suficiente. Muda de planos de carreira com certa freqüência.
  9. Tendência de se preocupar sem necessidade. Procura no horizonte algo com o que se preocupar.
  10. Sensação de insegurança: não importa quão estável esteja a situação ele se sente como se o mundo fosse desabar.
  11. Mudança de estado de humor inesperadamente.
  12. Inquieto: movimento com os dedos; levanta da mesa; sai da sala com freqüência.
  13. Baixa auto estima: este problema está diretamente ligado aos maus resultados obtidos em toda a vida.
  14. Pobres observadores: normalmente eles se sentem inferior a outros que estão no seu mesmo nível.
  15. A sensação de não conseguir seus objetivos.
Estes são apenas alguns dados onde você pode se orientar e orientar outros a procurar auxílio médico.

Por apresentarem muitos desses problemas acima, é natural que as pessoas tenham dificuldade em suas profissões. Podem perder o emprego por mal relacionamento, desorganização, e as vezes simplesmente abandonam o trabalho por tédio.

Pergunta-se então: isso tem cura? tem remédio? o que pode ser feito para melhorar???

Bem..., cura não tem, mas tem remédio, e muito se pode fazer para se ter uma vida como a maioria dos não portadores do ADD.

O remédio mais eficaz utilizado atualmente é uma substância chamada metilfenidato. Este tem um efeito paradoxal, principalmente para nós engenheiros, porque a substância é um estimulante. Acontece, porém, que no elemento portador do ADD ele diminui a hiperatividade e aumenta a capacidade de concentração. Naturalmente ele não cura, é como usar óculos; tirando os óculos, a deficiência volta.

É claro que para utilizar este medicamento é necessário passar por uma avaliação médica. A auto medicação é totalmente reprovada, mesmo porque a aquisição deste medicamento só é possível através de médicos credenciados.

Outro ponto importante é a educação, ou seja, a informação não somente para o indivíduo mas para toda a família sobre a natureza do ADD e suas manifestações ao longo da vida, enfatizando a origem neurobiológica e com isto libertando essas pessoas da carga de culpa que carregam por anos. Quanto mais se sabe sobre o ADD mais fácil fica a condução do tratamento para atender as próprias necessidades. A habilidade em educar as pessoas que o rodeiam é crucial. O ADD tem um profundo impacto social, na família, no trabalho e no ambiente escolar.

A curto prazo o psicoterapeuta pode ajudar o paciente identificando as deficiências que estão associadas ao ADD.

A longo prazo o psicoterapeuta pode ajudá-lo através de técnicas de como manter o senso de humor, ter um relacionamento estável e eliminar o sentimento de culpa.


E-mail: jrkdias@sercomtel.com.br

Engenheiro de Segurança do Trabalho

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Hallowell, Edward M.; Ratey, John J. Driven to Distraction , 1ª edição da Touchstone. New York: Simon and Schuster Inc., 1995. 319p.

CH.A.D.D. Children & Adults With Attention Deficit Disorders - Informações selecionadas da Home Page: http://www.chadd.com, 1998.

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